12.06.2010

C'è Sartana... vendi la pistola e comprati la bara (1970 / Realizador: Giuliano Carnimeo)


Esta foi a primeira e única incursão de George Hilton na personagem Sartana, em substituição do seu colega e amigo Gianni Garko. Mas se no papel principal existiu esta alteração substancial, já não se pode dizer o mesmo da generalidade do elenco e equipa técnica, onde se passeiam alguns dos habituais contratados de Giuliano Carnimeo. Talvez pela ausência de Garko nas vestes de Sartana, "C'è Sartana... vendi la pistola e comprati la bara" tem sido o mais negligenciado dos filmes da franquia. Pessoalmente acho um desprestígio para com o trabalho de Hilton, que me parece irrepreensível no papel, encarnando com bastante naturalidade a elegância da personagem. Hilton que continuaria num futuro muito próximo a trabalhar com Carnimeo, noutra das mais memoráveis e divertidas personagens do western-spaghetti: Aleluia!


De uma cidade mineira saem constantemente carregamentos de ouro, mas as carroças nunca chegam longe porque um grupo de bandidos mexicanos a mando de Mantas (Nello Pazzafini) lhes deita sempre a mão. Sartana assiste a um desses ataques enquanto toma o seu pequeno-almoço. Abelhudo como de costume, o nosso herói rapidamente descobre que os sacos contêm afinal areia e que afinal o responsável pelos transportes para fora da cidade está feito com os bandidos mexicanos. Visto está, que ao nível do argumento pouco ou nada se acrescentou aos títulos anteriores, no entanto este filme merece uns créditos adicionais pelo belo trabalho de imagem desempenhado pelo habitué do género Stelvio Massi (Il prezzo del potere, Testa t'ammazzo, croce... sei morto... Mi chiamano Alleluja).

Ao nível das engenhocas também não surgem grandes novidades, mas as cenas impossíveis à moda de James Bond continuam recorrentes. Logo no inicio do filme o realizador tem a ousadia de introduzir uma cena em que Sartana arremessa um cantil de água que alveja no ar, este por sua vez verte o seu conteúdo em cima de um pacote de dinamite apagando o rastilho. Tudo isto segundos depois de os responsáveis pela dinamite cavalgarem do local, sem que se apercebessem da ausência de uma explosão! Uma parvoíce? Talvez, mas sobretudo um indício de que o spaghetti-western estava a mudar. Em breve seria essa vertente cómica e non sence a tomar conta do género, vertente de que Giuliano Carnimeo também teve a sua cota de responsabilidade.


Em Portugal tal como em muitos outros países a personagem Sabata foi acrescentada às “gordas” do cartaz (titulo nacional: “Sartana desafia Sabata”), isto sem que a personagem figurasse por aqui. Aparece sim, um tal Sabbath (Charles Southwood) em nada comparável ao Sabata encorpado por Lee Van Cleef. Obviamente que foi um erro propositado para aumentar o interesse pelo filme, mas a mim não me agradou a ideia.

Os interessados em possuir “C'e Sartana… Vendi la pistola e compra la bara” têm varias opções no mercado de vendas online, sobretudo através das compilações de baixo preço de editoras como a Pop Flix (“Gunslinger Western Collection”), Mill Creek Entertainment (“Spaghetti Westerns”) ou da VideoAsia (“Spaghetti Western Bible Vol. 2 – Sartana: The Complete Saga”). Todas elas contam com o filme num formato 4:3 que não será por certo dos mais desejados, mas ainda assim para aqueles que querem realmente ter acesso à totalidade dos filmes oficiais da franquia (e mais alguns dos não oficiais) sem terem de pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional, recomendo a aquisição da edição da VideoAsia.


Os nossos amigos alemães resolveram trocar Sartana por Django, eis mais alguns lobby cards:



Trailer:



13 comentários:

  1. Os filmes da saga "Sartana" estão sempre relacionados com dinheiro e ganância. A fórmula é sempre a mesma. Desconheço a razão Gianni Garki ter abandonado o personagem e ser substituído por Hilton. A troca do nome "Sartana" por "Django" é o habitual dos alemães, embora os franceses também fizeram a mesma palhaçada. Em França, este filme chama-se DJANGO ARRIVE, PREPAREZ VOS CERCUEILS.

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  2. Este filme é sobretudo um excelente western spaghetti, independentemente de se chamar Sartana ou Django, Hilton está muito bem e se calhar é a melhor interpretação de Charles Southwood no género como Sabbatah,a música de Francesco de Masi é excelente, como quase sempre. A não perder por quem ainda não viu.
    Título português: SARTANA DESAFIA SABATA

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  3. Desculpem, enviei o comentário sem querer, mas é só para dizer era normal utilizar nos títulos personagens de êxito, o Sabbath aqui neste filme, apesar de ser diferente do Sabata de Van Cleef, não deixa de ser uma aproximação clara, mais comercial do que artística, nisto concordo.
    Um abraço

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  4. pensei que primeiro vocês iriam postar último filme com Gianni Garko, não pensei que iriam partir logo p ro file com George Hilton, esse filme é ótimo, e aqui no Brasil o personagem de Charles Southwood também é citado como Sabata, mas no filme, a dublagem e a legenda pronuciam o nome certo do personagem.

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  5. @ Artur:

    Calhou assim. Não é também claro para mim, mas "C'è Sartana... vendi la pistola e comprati la bara" parece ter sido lançado antes de "Una nuvola di polvere... un grido di morte... arriva Sartana". O com Hilton em Agosto de 1970 e o com Garko em Dezembro de 1970. Assim manteremos essa sequência. Espero escrever umas linhas sobre o "Una nuvola di polvere..." até ao final do mês.

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  6. Aproveito para deixar aqui o alerta. Na última semana de Dezembro a rubrica "spaghettis da minha vida" fica a cargo do amigo Artur!

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  7. Não gosto muito desse capítulo da série. George Hilton não combina com o papel. Talvez até o próprio Sothwood se saísse melhor. Ele acaba roubando o filme.

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  8. Olá amigo Cesar. É um prazer ter-te por aqui!
    Entendo o teu ponto de vista. Hilton já desdenha neste filme alguns dos tiques de Aleluia, essa sim a minha personagem favorita interpretada por ele. O Charles Southwood safa-se muito bem na pele de Sabbath, embora a sombrinha efeminada pudesse ter sido descartada. Com sombrinha ou não, a cena em que ele abate a vilanagem com um punhado de winchesters amarradas ao dorso do cavalo é mítica!

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  9. Eu gostei muito deste filme é um dos meus filmes favoritos do Sartana! E ao contrario do César, gostei da representação de Hilton. Apesar da cena inicial ser pouco realista, o resto do filme está bem conseguido!

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  10. Olha a minha Elsa!
    Parece que não existe muito consenso em torno deste Sartana...
    Aos que ainda não o viram: o melhor é ver para crer...

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  11. totalmente infeliz o comentário sobre o sabbath. ele foi justamente o que deu consistencia ao filme e possibilitou um final que ninguém esperava.

    vc não entende nada de cinema msm.

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